O "EGA" DOIS ANOS DEPOIS

Por, José Dias Pereira
Presidente do C. G. dos Economistas
Agosto 2002

1 – INTRODUÇÃO

Passados que são quase dois anos sobre a introdução em Portugal dum novo sistema de abonos, parece interessante fazer uma reflexão sobre o que aconteceu, os benefícios obtidos, o que se poderá melhorar.

Esta análise, que não tem a pretensão de ser exaustiva, será feita sobre a óptica do jogador, do jogador atento e estudioso que considera o Jogo não só como uma actividade desportiva, mas também lúdica e social, vertentes que assumem enorme relevância no golfe amador.

As nossas opiniões não serão definitivas, muito menos únicas, mas são opiniões que juntadas a muitas outras e se ouvidas por quem de direito, poderão melhorar substancialmente a prática do Jogo que elegemos como nosso.

 

2 – O SISTEMA EGA

Consideramos, pela sua bondade e interpretação do espírito do Jogo, inquestionáveis os pressupostos e a finalidade do Sistema.

Consideramos, em termos de justeza, uma evolução grande em relação ao anterior sistema adoptado e ainda uma maior simplificação de processos em relação ao sistema americano no qual o nosso se baseia.

Consideramos a edição EGA e sua tradução para o português do opúsculo "Sistema de handicap EGA" como perfeitamente entendíveis pelos utilizadores que terão de ser, naturalmente, conhecedores do Jogo.

Consideramos que se a aplicação do sistema for bem administrada se poderá chegar ao desígnio último de um abono de jogo, que é o de proporcionar a todos os jogadores que joguem entre si em condições de perfeita igualdade.

 

3 – A CLASSIFICAÇÃO DOS CAMPOS

Não nos queremos debruçar muito sobre este assunto já que é aceite pela generalidade dos jogadores que se torna imperioso uma reclassificação da maior parte dos campos.

Bastaria atentar nos registos das classificações (nível de resultados) dos torneios realizados nos diversos campos para se verificarem as gritantes diferenças que o sistema não pode permitir. Um resultado de 36 pontos na Quinta do Perú só raramente poderá ser o melhor, enquanto que em Troia ou Vilasol será sempre dos melhores.

Todos os procedimentos na classificação dos campos, especialmente o número de classificadores com diferentes níveis de jogo, terão de ser estritamente observados sob pena do Sistema falhar completamente. Importante a análise dos registos de resultados, e, por rotina, o escutar da opinião de jogadores experimentados sobre essas classificações.

 

4 – CONDIÇÕES PARA ATRIBUIÇÃO E CONTROLO DE ABONO

No nosso ponto de vista a atribuição e controlo correctos de um abono repousa essencialmente na capacidade técnica e bom senso das entidades que o fazem, ou seja, das que têm essa responsabilidade delegada pela FPG.

A capacidade técnica é o ponto essencial de toda esta problemática e o que merece maior reflexão.

4.1 – O Clube filiado na FPG

Embora desconheçamos quais são as exigências feitas para um Clube ser filiado na FPG parece-nos que, para além de cumprir com os aspectos burocráticos, só deveriam ser aceites Clubes que apresentassem:

a) número mínimo de sócios.

b) capacidade técnica suficiente para organizar competições e gerirem abonos.

c) possibilidade de regularmente proporcionar, aos seus sócios, competições e a publicitação de resultados e evolução dos abonos.

De qualquer forma parece-nos ser a capacidade técnica de muitos Clubes francamente má.

4.2 – O organizador de torneios

Hoje em dia, para além dos Clubes filiados, entidades diversas organizam torneios de golfe que são responsáveis por milhares de voltas que não podem deixar de contar para a aferição de abonos. Utilizam na gestão desses torneios os seus meios próprios ou a estrutura dos Donos de Campo.

A maior parte destas estruturas estão tecnicamente habilitadas mas não podem fazer os torneios contarem para aferição de abonos por lhes ser vedado o acesso ao programa de tratamento de competições e abonos fornecido pela FPG, o que se torna incompreensível até porque os Donos de Campo estão ligados à FPG através da sua Associação.

Defendemos a alteração do actual procedimento.

Naturalmente que os torneios organizados sem o aval e tratamento por parte de Clubes Filiados ou Donos de Campo habilitados não poderão contar para aferição de abono.

Numa fase mais adiantada poder-se-ia encarar a possibilidade de reconhecer aos Organizadores competência para também o fazerem.

4.3 – O programa informático de tratamento

O programa de tratamento de competições e abonos tem sofrido constantes melhorias para ir ao encontro das necessidades e apenas lamentamos que não use a língua portuguesa. É inadmissível.

Também tem havido apoio aos Clubes na forma de trabalhar com o programa o que é de realçar positivamente.

4.4 – A formação técnica dos Clubes

Onde a FPG tem falhado, e não é só agora que tal se verifica, é na sua missão de formação dos Clubes. Não se pode impor actuação correcta aos Clubes se se aceitaram como são e nada se fazendo para os melhorar .

Ao exigir, e bem, a existência de Comissões Técnicas (e de abonos) a FPG tem de fornecer aos Clubes todo o apoio e formação necessárias, seguir a sua actuação não de forma policial e prossecutória (infelizmente um pouco o que se verifica agora) mas pedagógica e sobretudo com a maleabilidade que só o bom senso pode dar.

Não pretendemos criar uma metodologia mas sugerimos algumas medidas que a FPG poderia tomar:

· editar e divulgar opúsculos que tratassem da gestão dum Clube em geral e da organização de competições (há publicações da USGA e R&A sobre esta matéria),cujo conhecimento, juntamente com "O sistema de handicap EGA", constituiria o patamar teórico mínimo da capacidade técnica

· obrigar os Clubes que evidenciem falta de capacidade técnica, ou que se pretendam filiar na FPG, a possuir número suficiente de sócios habilitados a integrarem comissões técnicas e de abono

· criar uma Comissão de acompanhamento dos Clubes que daria a formação básica necessária, zelaria pelo cumprimento das normas técnicas essenciais e aferiria da capacidade dos integrantes das comissões.

 

5 – OS CLUBES E OS JOGADORES

Este um aspecto impossível de tratar em artigo com estas limitações, mas merecendo reflexão bem profunda já que nele repousa a qualidade do Golfe que teremos no nosso País.

A quase totalidade dos Clubes tem a limitação de base de não ser proprietária de campo tendo maior, menor ou nula capacidade de acção consoante o tipo de relacionamento que mantém com o Dono do Campo. Cada vez há mais os Clubes que não passam de meros agentes administrativos de um núcleo de jogadores.

Difícil, portanto, conseguir progressos espectaculares com este espectro associativo.

Esta a razão principal porque defendemos o aspecto formação em 4.1.

A diversidade de situações leva a que não se possam, de momento, tratar todos os Clubes da mesma forma, daí o bom senso e necessidade de saber administrar o Sistema que referimos atrás. Estamos, como diz a FPG, a iniciar uma revolução, todos aprendemos e é normal que uns aprendam mais depressa do que outros.

Clubes há, e é bom realçar, que apreenderam imediatamente o Sistema e o puseram em vigor sem percalços, informando os seus associados, incutindo nestes a necessidade de cumprir as normas, conseguindo resultados bastante bons. Todos terão de o conseguir.

E o melhor resultado possível é o de que todos os jogadores amadores entendam que não poderão jogar sem um abono devidamente aferido.

Daí a necessidade de, nesta fase, a FPG saber entender que também está a aprender, que o Sistema não é perfeito, os responsáveis pela implantação e seguimento do Sistema muito menos, que há pessoas integrantes das Comissões que também estudaram a fundo o assunto e que só com a colaboração de todos se poderá atingir o tal melhor resultado possível.

Quanto aos jogadores, cuja formação também é essencial especialmente a nível de Etiqueta e compreensão do espírito do Jogo o papel dos Clubes e Profissionais assumirá a máxima relevância. Será uma tarefa dificílima já que muitos apenas pensam em bater na bola, mas quem tem responsabilidades no Jogo não pode abdicar desta missão.

6 - CONCLUSÕES

· A introdução do Sistema representou um beneficio extraordinário para o Jogo.

· As vozes contrárias ao Sistema são-no por razão da classificação dos campos.

· A credibilidade do Sistema passará por uma reclassificação urgente de vários campos.

· Passados os dois anos de arranque, impõe-se de imediato a tomada de medidas tendentes a conseguir atingir os objectivos que especificamos atrás.

· A flexibilização de algumas normas, no sentido de se adaptarem à realidade portuguesa, é necessária.

 

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Revised: 20-09-2002 .