Revista de Imprensa

 

Mesmo EGA, Melhor EGA

Por, José Dias Pereira

 

Decidiu a European Golf Association, a exemplo do que se faz com as Regras do Jogo, rever o sistema de handicaps cada quatro anos. Fê-lo e novo Regulamento existe desde 1 de Janeiro, embora só tenha entrado em vigor em Portugal a 15 de Outubro. 

É salutar esta atitude de revisão periódica, pois a experiência, a evolução da prática do Jogo, a própria evolução tecnológica têm de ser devidamente acompanhadas. Porém, e isso abona a qualidade do Regulamento, poucas alterações foram introduzidas.  

Definiram-se melhor algumas das responsabilidades das Federações, regulamentou-se o intercâmbio de informações sobre resultados válidos obtidos em países diferentes, idem sobre a participação em Portugal de jogadores com handicaps controlados noutros países, inclusive com sistemas de handicap diferentes e, muito importante, reviu-se o Apêndice L – Opções tomadas pela FPG. 

Embora esteja para breve a edição pela FPG do novo “Sistema de handicap EGA”, referimos algumas das cláusulas alteradas/introduzidas no citado Apêndice L por estarem relacionadas com este artigo:


5 - Para manter um Handicap EGA, um jogador tem que entregar, no mínimo quatro Resultados Válidos ou Validáveis (EDS) em cada ano civil. O não cumprimento desta obrigação implica a caducidade automática do Handicap EGA. Os jogadores que tenham tido o seu handicap caducado por não terem entregue quatro Resultados Válidos, poderão entregar o número de resultados necessários para compensar os resultados em falta, jogando nas competições do seu Clube de Filiação ou entregando Resultados Validáveis (EDS). O limite de Resultados Validáveis (EDS) pode ser ignorado para este fim apenas. Um jogador não pode ganhar uma Competição Válida com o seu handicap caducado. 

18 - A FPG tem o direito de, a qualquer momento, avaliar a capacidade de determinada Comissão de Handicaps com o objectivo de verificar as suas capacidades para gerir o Sistema de Handicaps EGA de uma forma correcta. 

19 – O jogador tem que introduzir o seu Handicap Exacto EGA em todos os cartões apresentados após uma Competição Válida. O não cumprimento desta obrigação pode resultar em desclassificação.” 

 

O PORQUÊ DESTE ARTIGO 

Há cerca de 2 anos publicámos aqui “O EGA dois anos depois” onde fizemos uma análise do sistema após dois anos de vigência, evidenciando o que considerávamos as coisas boas e as menos boas e tendo apresentado algumas sugestões. 

Julgamos altura de ver o que entretanto tem sucedido e opinarmos sobre o que poderão ser melhorias conseguidas e a introduzir.

 

AS MELHORIAS CONSEGUIDAS 

·    Consagração da figura do sócio institucional da FPG (especialmente organizadores de torneios) a quem têm de ser exigidas responsabilidades no controlo e informação sobre handicaps.

·    Utilização dum novo programa informático de gestão desportiva de clubes de golfe, o DATAGOLF, em português e facultado a todos os sócios da FPG, que apresenta boas potencialidades.

·    Estabilização nos contactos entre a Comissão de Handicaps e Course Rating (CHCR) da FPG e os Clubes, com evidentes melhorias para todos.

·    Generalização do conhecimento e maior auto responsabilização, entre os Clubes e jogadores, do Sistema de Handicaps EGA, embora ainda muito haja a fazer neste capítulo.

 

AS MELHORIAS A INTRODUZIR 

·    Reclassificação dos campos, aproveitando os estudos que a USGA está a fazer, face às melhorias sensíveis introduzidas no equipamento de golfe, e também às possibilidades estatísticas que o DATAGOLF permite na análise de resultados.

·    Introdução duma rede nacional informativa dos handicaps, prevista para breve pela CHCR, que obstará, em muito, aos “erros” que Clubes e jogadores ainda cometem.

·    Criação dum Código de Ética para os jogadores.

·    Delegação criteriosa da Autoridade de Handicap a Clubes, já que a filiação na FPG continua a ser um acto meramente burocrático. 

E é sobre este último aspecto que queremos centrar o nosso artigo. 

E se praticamente temos, apesar da revisão, o MESMO EGA, como o transformar num MELHOR EGA?

Embora o Regulamento seja bastante prolixo na definição das responsabilidades da FPG, dos Clubes e dos jogadores, fá-lo no pressuposto de que estes agentes têm todo o conhecimento e a capacidade para as saber respeitar. 

Ora, tal está longe de suceder com muitos dos Clubes filiados na FPG.  

Vejamos porquê. 

1.  As exigências da FPG são, já o dissemos, meramente burocráticas, delas fazendo parte apenas um ingénuo pedido de proposta de indicação da constituição da Comissão de handicaps sem qualquer consequência.

2.  Não há formação sistematizada sobre gestão de clubes, regras do Jogo e organização de torneios. A situação da gestão de handicaps é melhor, dado existir publicação literária e programa informático específicos, uma Comissão, a CHCR, com vários anos de existência, estrutura de apoio apropriada e formação regular aos Clubes.

3.  As condições de trabalho de muitos Clubes são francamente más, fruto de inexistência de instalações mínimas, carolice pura do ou dos poucos sócios fundadores cheios de boa vontade mas com insuficiente preparação, dificuldade de organização de provas, falta de acuidade no processamento de resultados e divulgação de handicaps.

4.  Os Clubes têm a responsabilidade de divulgar, incitar, formar os jogadores na observância das Regras e Regulamentos, bem como de exercer o adequado controlo e impor as medidas correctivas necessárias. Nem sempre tal sucede.

5.  Dificuldade insuperável para a quase totalidade dos nossos Clubes é a de não serem os donos do seu campo de referência. 

Porquê esta ênfase nos Clubes? 

A Federação Portuguesa de Golfe existe, essencialmente, para servir os jogadores, definindo as regras de conduta, técnicas e disciplinares a que eles têm de se subordinar de modo a que o Jogo possa fluir a contento de todos. Porém, como o seu contacto com os jogadores se faz através do Clubes, estes assumem um papel de extrema relevância. 

Em 2002, no artigo “O EGA dois anos depois”, escrevíamos: 

“Embora desconheçamos quais são as exigências feitas para um Clube ser filiado na FPG parece-nos que, para além de cumprir com os aspectos burocráticos, só deveriam ser aceites Clubes que apresentassem:

a)      Número mínimo de sócios.

b)      Capacidade técnica suficiente para organizar competições e gerirem abonos.

c)      Possibilidade de regularmente proporcionar, aos seus sócios, competições e a publicitação de resultados e evolução dos abonos.“ 

Este seria o primeiro e básico patamar a atingir por qualquer Clube que aspirasse a ser Autoridade de Handicap, e só a deveria obter após período experimental em que demonstrasse a capacidade exigida.  

Idênticas condições (adaptadas) terão de ser exigidas aos sócios institucionais organizadores de torneios, pois doutra forma não fará qualquer sentido o Protocolo que assinam com a FPG. 

Requisitos mais avançados, colocariam os Clubes em patamares mais elevados. Esta uma ideia que sabemos está a ser encarada pela CHCR e que merece ser muito bem estudada, avaliada e, quanto a nós, a ser implementada.  

 Para se conseguir tal desiderato continuamos a achar actuais, embora com alguns ajustamentos no 2º ponto, as sugestões feitas, há dois anos, à FPG:

 “

  • editar e divulgar opúsculos que tratassem da gestão dum Clube em geral e da organização de competições (há publicações da USGA e R&A sobre esta matéria),cujo conhecimento, juntamente com ”O sistema de handicap EGA”,  constituiria o patamar  teórico mínimo da capacidade técnica

  • obrigar os Clubes que evidenciem falta de capacidade técnica, ou que se pretendam filiar na FPG, a possuir número suficiente de sócios habilitados a integrarem comissões técnicas e de abono.

  • criar uma Comissão de acompanhamento dos Clubes que daria a formação básica necessária, zelaria pelo cumprimento das normas técnicas essenciais e aferiria da capacidade dos integrantes das comissões.”

Sem querer coarctar a liberdade de associação e constituição de Clubes, faceta que pouco interessa para o caso dado que estamos a falar dum aspecto eminentemente técnico, quem não mostrasse as necessárias habilitações pura e simplesmente não teria lugar no nosso Golfe.  

Não podemos admitir a existência de alguns, felizmente poucos, “clubes” que não cumpram, sistematicamente, com os Regulamentos e até permitam que jogadores seus tenham atitudes indignas e lesivas da Verdade desportiva. Não se pense que tais casos fazem parte das lendas do golfe. Testemunhámos facto similar há um par de meses. 

Um sistema constituído por Clubes tecnicamente bem formados, a quem se pudessem exigir responsabilidades, nomeadamente na conduta dos jogadores seus filiados, alicerçado numa rede informativa nacional de handicaps, mudaria completamente, para muito melhor, o nosso Golfe.

 

Mesmo EGA, melhor EGA. 

Novembro de 2004
J. Dias Pereira
Membro da C T do Clube de Golfe do Estoril

 


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Revised: 24-10-2005 .