Revista de Imprensa

 

Golf para o Público

António Carmona Santos

 

 

Já há Campos de Golfe que se intitulam Golfes Públicos... mas o que ainda falta, para desenvolver a modalidade, são Golfes para o público

Esta actividade vai se impondo à opinião dos mais atentos – políticos, homens de negócios, gestores etc. – devido às suas virtudes económicas e não tanto como modalidade desportiva.  

Chegou altura de encararmos o assunto de uma forma diferente e mais realista! 

Não há actividade económica que progrida e tenha futuro se os que lhe estão próximos quase não dão por ela. 

Alguns operadores Turísticos atribuíram há tempos o título de  “Melhor destino de Golf ” ao Algarve; somos visitados anualmente por mais de 250 mil praticantes estrangeiros que deixam entre nós muitos milhões de Euros; temos no país cerca de 70 Campos, de todos os tipos que dão trabalho directo a mais de 1500 trabalhadores e indirecto a muitos milhares mais; o Golf valoriza terrenos, ajuda a equilibrar as contas dos hotéis na chamada época baixa e dá que fazer a muitas centenas de restaurantes etc. etc.  

Apesar de tudo isto, há ainda quem não o aceita e o acha prejudicial....  

Não vou perder tempo com isso, mas limito-me a constatar que se ainda há tanta oposição, é porque o Golf em Portugal ainda é só um divertimento ou negócio de alguns e ainda não interessa a muitos. O Golf não é ainda considerado uma modalidade desportiva de âmbito Nacional. Quando assim for – e poderia sê-lo facilmente – não tenho muitas dúvidas que os portugueses passarão a ter consciência e assumirão que são de facto um dos melhores destinos de Golf Mundial 

O Golf, depois de passar uns anos a tentar impor-se entre nós e depois de ter sido sempre considerado uma actividade para velhinhos ricos, já se impôs como actividade económica. Actualmente ele está em tudo o que é revista ou anúncio de produtos, ditos, de prestígio. Não há publicação social ou de Turismo que se preze que não fale dele e mostre imagens de Torneios e Eventos, mais ou menos mediáticos que apresentam o “who`s who nacional em todo o seu esplendor. Não há empresário ligado ao turismo que não tenha nos seus planos construir um Golf do tipo “Championship Course”, embora não haja quem defina exactamente o que isso é. 

Falta-nos divulgar o Golf entre nós e pô-lo à disposição do público em todo o país. Só assim ele pode transformar-se numa modalidade forte e com futuro garantido. Não basta fazer declarações de intenção e anúncios laudatórios de auto satisfação. Se queremos que o Golf seja uma realidade e que continue a ser um bom negócio para este país, tem de ser encarado como um todo; tem de se tornar uma modalidade desportiva prestigiada e que interesse à maioria dos portugueses. 

A receita utilizada até aqui não resultou. Por este caminho, arriscamo-nos a ter de esperar décadas ou então a nunca mais sair deste lugar medíocre, que embora rentável, não tem dimensão Nacional e Internacional. Falta-lhe a base de sustentação que só o interesse público lhe pode dar. Uma actividade para ser bem aceite e ter algum poder, tem de envolver a população em geral e não só alguns pseudo privilegiados. O Golf português se quiser deixar de ser um simples serviço a prestar a estrangeiros mais ou menos endinheirados, tem de contar com milhares de praticantes e adeptos locais. Dessa massa sairão os grandes jogadores e os dirigentes capazes de o fazerem crescer e fortalecer entre nós.  

Num país com as condições naturais do nosso, só não há muitos milhares de praticantes porque quem pode não sabe e quem sabe não tem podido. 

Toda a gente, dos 7 aos 70 anos, que tenha um mínimo de condições físicas e económicas é um potencial jogador de Golf. A questão está em saber quais são essas condições mínimas e equilibrar os custos de utilização ao nível de vida médio das populações.  

Para isso só há uma receita: criar Campos de Golf simples e baratos . 

A grande maioria das pessoas está convencida que para jogar Golf é preciso ser rico ou próximo disso. Evidentemente quando só se constroem Campos de 8 ou 10 milhões de Euros para cima, não pode ser barato. Mas há lugar para todos! 

Entre nós há actualmente só cerca de 15 mil praticantes ou seja 0,015% da população. (Sem querer fazer comparações nos EUA essa percentagem é de quase 10%).  

Muita gente se tem interessado, nos últimos anos, por fomentar o Golf entre nós, mas sem grande sucesso. Muito à nossa maneira, não temos paciência. Queremos queimar etapas. Os diversos organismos, associações e grupos de pressão ligados à modalidade tem-se concentrado na busca de um super dotado que possa ser a nossa bandeira e assim promover este desporto entre nós. Seria óptimo mas não é realista! 

Os super dotados aparecem com muito trabalho de fundo e quando há um numero elevado de praticantes. Para alem disso só por milagre e isso só com cunhas muito fortes....  

Os nossos praticantes amadores mais capazes – que também os há - mal conseguem alguns resultados abaixo de “PAR” e devido à tal impaciência cultural passam  logo a profissionais sem consolidarem convenientemente as suas carreiras de Amadores. Esquecem que hoje em dia, há no Mundo centenas para não dizer milhares de jovens de enorme categoria.  

Os nossos Clubes que deveriam ser as entidades onde se forma e fomenta a modalidade, fazem o que podem com as reduzidas quotizações que conseguem, enquanto cada vez há mais Clubes sem campo e sem instalações sociais que existem sobretudo para conseguir descontos nos Campos sem Clube ou com poucos sócios. A confusão é de facto muito grande e não leva a lado nenhum. 

Qual é então a resposta?  

Julgo só haver uma: Como foi dito acima, começar pelo princípio, ou seja: criar muitos campos simples e baratos (de preferência de 9 buracos), em todo o país que possam ser usados pela população das nossas principais cidades, sobretudo na província. Toda a aprendizagem começa pela Instrução primária, em Instalações simples. As Universidades são para quem já tem conhecimentos e sabe usá-los. 

Tudo passa por estabelecer um Conceito, criar um Plano e definir Objectivos a nível Nacional e fazê-lo com bom senso, para que haja uma correcta gestão dos meios. 

O negócio do Golf deve continuar a desenvolver-se naturalmente, como acontece com todos os negócios rentáveis. Porem, a melhor forma de o ajudar é criar condições para que apareçam, por esse pais fora, muitos milhares de praticantes que mais tarde, querendo e podendo, ingressariam em Clubes mais sofisticados e de maior dimensão ajudando a rentabilizar essas explorações.  

Resumindo: 

  1. Defina-se como objectivo a criação do chamado mercado interno de Golf.
  1. Crie-se um Plano Nacional para o desenvolvimento desse Objectivo.
  1. Estabeleçam-se as condições, em conjunto ou com o apoio das Autarquias, para que possam aparecer Campos de Golfe simples mas convenientemente organizados, de baixo investimento e que portanto possam ser postos à disposição do público a preços convidativos.
  1. Faça-se a coordenação destes programas de uma forma integrada e envolvendo os interessados de modo a aproveitar todos os recursos disponíveis.

Conceito: É mais fácil conquistar clientes ao pé da porta do que ir buscá-los a milhares de Kms.

P.S. O Golf aparece neste artigo escrito sem e final porque assim é conhecido Mundialmente. Entre nós, como muitas vezes acontece, apressámo-nos em aportuguesar a palavra antes de desenvolvermos a actividade. Sugiro que comecemos por aportuguesar a actividade.....cada coisa a seu tempo.

Abr/2006

 


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Revised: 14-08-2006 .